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Participação com textos de conscientização sobre relação homem/animal na importante obra de Rodrigo Tavares  "O DIREITO DOS ANIMAIS E DEVERES DOS HOMENS" disponivel no site clube dos autores.

 

 

"Se os homens fossem um pouquinho mais animais eles seriam mais gente."

(Silvana Lance)

A CRUELDADE COM OS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

Apesar da afetividade que une homens e animais, os maus-tratos a eles também, acompanham a história da humanidade.

 

É natural a dominância do ser humano quanto à natureza e os animais, mas a maldade também caminha junto e com mais facilidade direcionada ao mais vulnerável, incluindo animais indefesos que vivenciam diariamente abandono, abusos e exploração.

 

Infelizmente, casos de crueldade se tornam cada vez mais evidentes, deixando aqueles que os amam e respeitam estarrecidos diante de tamanha falta de piedade acrescida da impunidade.

 

Histórias de crueldade contra animais podem ter início ainda na infância com indícios de evidente perversidade ou atos cruéis que podem passar despercebidos pela falta de supervisão, ou ainda serem fruto da violência doméstica e maus exemplos, o que favorece um ciclo ininterrupto onde o mais fraco leva a pior.

 

Portanto, é preciso acompanhamento e também discernimento dos cuidadores para não nomear de travessura o que na verdade se constitui um ato de tortura contra um animal.

 

Tais atitudes devem servir como um sinal de alerta, pois comportamento cruel com animais envolvendo necessidade compulsiva de controle e incapacidade de reconhecer o sofrimento destes são indícios de transtorno psicológico.

 

Estudos revelam em perfis de assassinos, antecedência de maus tratos a animais e estreito laço com a violência na sociedade.

 

Em meio a tantos casos de abusos, negligência e violência contra animais, levanta-se também a indignação de muitos numa voz estridente em favor destes inocentes que resignados, apenas exprimem o sofrimento num som de lamento, na expressão de dor ou ainda visivelmente impresso na péssima condição física.

 

Mas, é importante salientar também que, diante de uma denúncia e da comoção popular rapidamente disseminada pelos meios de comunicação em favor desta nobre causa, devemos também ficar atentos, pois há casos em que a crueldade contra um animal é incontestável, porém, esta também pode ser subjetiva pois com o sentimento inflamado de se fazer justiça excessos e injustiças podem também ser cometidas, portanto cada caso deve ser verificado e avaliado com cautela e discernimento.

 

É preciso alardear a responsabilidade que vem junto com a adoção para evitar engrossar a triste estatística do abandono e maus tratos, pois estes graciosos bichinhos não podem ser tratados como brinquedos, eles precisam de condições básicas para a sobrevivência e bem estar.

 

Animais também são manifestação da vida e pertencem a mesma biosfera que nós, portanto, merecem respeito, dignidade e integridade física.

 

É um alívio observar que enquanto muitos abandonam e maltratam, existem também muitos outros que acolhem e tratam voluntariamente se tornando uma importante resistência do bem.

 

Somos zeladores da natureza que nos complementa e não carrascos ou manipuladores sem ética agindo contra ou a favor de acordo com nossa própria conveniência ou vaidade; portanto, não podemos negligenciar o peso da nossa responsabilidade.

 

E se, a compaixão para com os animais tem proximidade com a evolução de uma sociedade, devemos estar atentos às necessidades destes, deixando de lado o ser social primitivo, reconhecendo que eles (todas as espécies) também devem ser compreendidos como sujeitos de direito.

 

A natureza nos privilegiou com os animais, e os que estão mais próximos a nós, os "animais de estimação" como o próprio termo diz, devem ser estimados e não subjugados.

 

De alguma forma eles chegam até nós como presentes divinos, trazendo-nos a chance de vivenciarmos uma relação mais próxima com a natureza e a oportunidade de experimentarmos um afeto que, diferente das relações humanas, contém uma pureza real e um amor incondicional que nos emociona, se tornando um privilégio a ser retribuído com um mínimo de cuidado.

 

Eles são criaturas que nos cativam pela graciosidade, companheirismo e são muito mais do que boas companhias. Eles dividem conosco o privilégio de existir!

 

Silvana Lance

Psicanalista e Psicoterapeuta especialista em Psicodrama

Jornalista Mtb 75200/SP 

AFETIVIDADE HOMEM & ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
 

A família é um sistema ativo em constante transformação, onde hoje, numa versão multiespécie, estão inseridos os animais de estimação.

A história de homens e animais domésticos é antiga, mas atualmente com novos significados e desvinculados de suas funções anteriores (que eram mais ligadas aos de dar apoio ou segurança) em grande parte dos lares são acolhidos como verdadeiros membros da família com direito a muitas regalias!

 

Adotados freqüentemente por um motivo sentimental, muitos deles preenchem a falta de laços afetivos e aplacam a solidão de um mundo muito mais individualista, numa transferência social mutua onde cada um preenche a lacuna de seu próprio meio, convivendo quase como "semelhantes".

Neste apego mútuo, nota-se o desenvolvimento de ambos, homem e animal, numa surpreendente relação que encontra diversas formas de comunicação e demonstrações de afeto que se traduz numa compreensível linguagem do amor universal.

 

Estudos apontam que a convivência com eles estimula o bom humor, a diversão, combate a depressão, alivia a tensão e traz benefícios para a saúde física e psicológica, o que resulta num agradável relaxamento ao corpo e à mente, contribuindo para uma melhor qualidade de vida. No "diálogo" com o bichinho de estimação, a autenticidade de sentimentos também é exercida sem o perigo de magoar ou ser mal interpretado!

O sentimento de que somos responsáveis e necessários para um ser vivo que depende de nós, cria um forte e duradouro vinculo que funciona como uma terapia!

 

Bichos de estimação também favorecem a aproximação entre as pessoas e promovem mais interação da família, despertando um lado mais sensível e carinhoso. As crianças ficam mais felizes e saudáveis, desenvolvendo a compaixão e a empatia, além da aprendizagem importante no contato com o processo de vida e morte, ajudando na compreensão das emoções que daí emergem, mas de uma forma mais segura. Para os idosos, eles se tornam uma boa fonte de distração, já que preenchem o tempo tendo a quem cuidar e "conversar"!

 

É interessante observar que o animal aprende a agir de acordo com o comportamento de seu dono e que a personalidade muitas vezes se assemelha ao de um membro da família, tamanho vinculo ou escolha inconsciente!

Nossos amados amigos pets também funcionam como termômetro da família podendo apresentar tranqüilidade ou agitação, além de depressão ou agressividade, correspondendo de forma adequada ou patológica, portanto diante de comportamentos estranhos ou incomuns é preciso avaliar também o ambiente.

 

Estes seres tão especiais conseguem ser genuinamente solidários com seus donos numa troca de carinho e devoção sem julgamento que se constitui numa amizade inocente e sincera e não raro se tornam protagonistas de histórias emocionantes e surpreendentes, dignas de maravilhosas lembranças, livros e até roteiros para filmes!

 

Amor, respeito e uma boa dose de responsabilidade são essenciais, pois apesar de nada pedirem, eles precisam de cuidados diários incluindo atenção e carinho, não podendo ser por demais humanizados e muito menos tratados como objetos, afinal eles também possuem sentimentos, inteligência e receptividade, não respondendo apenas a instintos.

Apesar da contagiante alegria que estes animaizinhos proporcionam, é importante também antes de partir para a adoção, avaliar aspectos a respeito das mudanças na rotina, adequação do ambiente e ainda prever gastos com alimentação, vacinas e visitas periódicas ao veterinário, levando em conta que eles podem viver até vinte anos! No caso de cães é preciso também avaliar aspectos e o tamanho da raça escolhida evitando futuros transtornos!

Outro aspecto importante é a respeito do que fazer com eles nas viagens, pois muitas vezes estes especiais integrantes da família multiespécie não podem ser levados ou simplesmente deixados pra trás sem os devidos cuidados correndo o risco de maus tratos além de que muitos sentem demais a ausência de seus donos, podendo apresentar ansiedade, apatia e perda de apetite. Portanto, é preciso planejamento para encontrar uma solução viável e tranqüila para ambos evitando que o tema viagem se torne sinônimo de aborrecimento e desconforto, ou pior ainda, acabe em abandono numa total falta de responsabilidade e compaixão.

 

Nosso vinculo com a natureza se torna mais forte a medida que entendemos e usufruímos deste contato tão benéfico que sempre nos emociona com esfuziante recepção, lições de genuíno afeto, tolerância, solidariedade além da capacidade de convivência pacífica também com outras espécies.

 

Cabe a nós a responsabilidade de demonstrar nosso respeito para com a natureza e todas as espécies, inclusive para com nossos indefesos animais de estimação com os quais adquirimos a responsabilidade de cuidar, proteger e amar.

 

 

 

Silvana Lance

Psicanalista & Psicoterapeuta

www.clinicapsicabc.com.br

* Permitida a reprodução dos textos ou parte deles desde que citada a autoria.

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